Laboratórios começam a investir na produção de medicamentos a partir da erva e na produção de canabidiol sintético e vegetal, este em aprovação na Anvisa
A Prati-Donaduzzi investiu um total de R$ 7 milhões em uma unidade de insumos farmacêuticos ativos (IFAs), que serão utilizados para produzir canabidiol sintético. Localizada em Toledo (PR), a nova planta tem capacidade para produzir 400 quilos do produto ao ano. Metade vai atender a demanda da empresa e o restante será destinado à exportação.
Uma combinação de substâncias químicas, o canabidiol sintético é similar à sua versão de origem vegetal, explica Eder Maffisoni, diretor-presidente da empresa. “A vantagem é que você pode controlar o processo de produção, que tem 230 etapas padronizadas. O canabidiol vegetal é vulnerável às condições ambientais.”
Há cinco anos, o laboratório iniciou projeto do medicamento Myalo, indicado para tratamento de epilepsia refratária, que será o primeiro produto à base de canabidiol da empresa. A expectativa é submeter à aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) até o fim deste ano e, após obtenção do registro, iniciar a comercialização no mercado.
Com uma proposta de desenvolver medicamentos a partir de canabidiol vegetal, a Verdemed submeteu à aprovação da Anvisa um produto similar ao Sativex (o Metavyl), indicado para pacientes com esclerose múltipla, e outro ao Epidiolex, para tratar epilepsia refratária. Ambos já foram aprovados nos EUA. O desafio da Verdemed é comprovar a bioequivalência do medicamento similar ao Epidiolex. “O que estamos pleiteando é que a Anvisa conceda o registro com base nos dados clínicos já existentes. Se tivermos que fazer novos estudos clínicos, o lançamento do produto no Brasil ficará inviável”, afirma José Bacellar, presidente da empresa.
Com estratégia agressiva para o Brasil, a Verdemed pretende comercializar seus medicamentos a preço abaixo do praticado atualmente no mercado. Segundo Bacellar, o preço de entrada é US$ 400, mas com o crescimento do volume de vendas, a expectativa é reduzir para US$ 150.
A Verdemed vai investir US$ 10 milhões no Brasil, para comprar o laboratório Mybstein, que atua como importador de medicamentos, e na montagem da unidade Verdemed Care, que será responsável pelo comércio eletrônico da linha de produtos fitoterápicos. A empresa também negocia parceria com duas farmacêuticas para produção local de medicamentos à base de cannabis.
Presente no Brasil, Colômbia e Chile, a Verdemed planeja abrir no próximo ano operações na Argentina, México e Peru. Na Colômbia, possui uma área de plantio de cannabis medicinal, onde produz e exporta óleo de cannabis para a Europa. Até 2022, está previsto investimento de US$ 80 milhões em testes clínicos de medicamentos para ansiedade, dor crônica, fibromialgia e glaucoma.